ENIAA e os documentos de censura

Por Maria Guilhermina (graduanda História/UFRJ)

No processo de pesquisa um dos primeiros materiais encontrados foram os documentos referentes à censura na ditadura militar brasileira. Nesse contexto, foram encontradas censuras de apresentações teatrais do grupo pertencente à Escola Normal Ignácio Azevedo do Amaral e de grupos parceiros, como o do teatro do Nilo Peçanha de Niterói e a Escola Martins Pena. Esses documentos fazem parte do Projeto Memórias Reveladas cujo objetivo é deixar disponíveis os arquivos sobre esse período político brasileiro, buscando, assim, fazer valer o direito à verdade e à justiça. 

Os documentos estão no arquivo baixo o nome de “Censuras prévias: peças teatrais”. Assim, as peças submetidas à censura prévia foram: “O aniversário do poeta Manuel Bandeira (Manuel Bandeira faz 90 anos)” e “O que diria Plauto se visse isso?”, essa teve dois aspectos vetados, o prólogo que disponibilizo a seguir, que contém a frase “neste chão em que tudo está começando, neste chão que tanto está esperando, neste chão que precisa crescer, neste chão latino, brasileiro, como nós!” 

A parte censurada do Prólogo da peça sobre Manoel Bandeira vai contra o decreto 20.493, linha D, em que se expõe que deve ser negada qualquer apresentação que conseguisse provocar incitamento contra o regime vigente, a ordem pública, as autoridades constituídas e seus agentes. Já a segunda parte, é censurada através do Decreto No 5.726, de 29 de outubro de 1971 que dispõe sobre medidas preventivas e repressivas ao tráfico e uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica e dá outras providências. 

Com esses documentos, pode ser isto a dimensão artística na formação de professores, já que a professora de teatro do ENIAA deixou artigos sobre essa modalidade. Além disso, percebem-se as relações e dinâmicas entre os grupos de teatro escolares no período da ditadura militar.