Professores que marcam as nossas  trajetórias – Carolina Andrade

Post escrito pela aluna Carolina Andrade (FE-UFRJ)

Quando paro para refletir sobre os professores que marcaram minha trajetória, automaticamente penso no Alan que dá aulas de sociologia e filosofia e na Giseli que dá aulas de redação. Eles foram os docentes que mais impactaram a minha trajetória de forma positiva enquanto estava na escola, ambos acompanharam a minha turma do 8o ano do Ensino Fundamental II ao 3o ano de Ensino Médio. São muitas histórias juntos, eles eram tão queridos que os convidamos para a nossa formatura que foi um evento bem simples, fizemos questão na época da presença deles, pois durante tantos anos de convívio, a nossa relação não era mais apenas de professor-aluno, eles se tornaram os nossos amigos, confidentes e conselheiros. Uma das características mais comuns e diferenciadoras de suas aulas, era o fato deles proporcionarem um ambiente de trocas de experiências e diálogos,  nossos momentos eram organizados sempre em uma enorme roda e alternávamos entre a sala de aula e o terraço. 

Essas matérias eram as que eu mais gostava da escola e a que eu  mais ansiava em ter ao longo da minha semana, pois eram momentos em que eu e meus amigos tínhamos o nosso espírito revigorado, saindo daquela forma rígida e engessada de outras aulas. Ademais, esses professores buscavam sempre trabalhar em conjunto, suas disciplinas se casavam muito, ainda mais no ano de vestibular, a troca era sempre muito rica. Suas atividades eram sempre prazerosas de serem realizadas, eles sempre buscavam propor materiais que além de serem obrigatórios pelo conteúdo da escola, estivessem também mais próximos à nossa realidade e aos nossos interesses. Para mim, eles são grandes exemplos de o que é ser um bom professor/uma boa professora. Uma das grandes lições que eu aprendi com eles é que a escuta é tão importante quanto a fala, eles me mostraram o quanto a interdisciplinaridade tem potência dentro de sala de aula e como a construção de uma relação de afeto e de trocas dentro de um espaço democrático e respeitoso que gera o sentimento de pertencimento e conforto em nós exercermos a nossa autonomia e a nossa voz são características essenciais para exercer uma docência de impacto e qualidade.

Comentário da extensionista Maria Guilhermina (IH-UFRJ) 

O relato da Carolina fala de professores de matérias distintas se unindo  para fazer com que os alunos entendam de melhor forma o conteúdo das duas matérias. Remete-se, portanto, á interdisciplinaridade das matérias. Interessante é que o que a aluna destaca vai de encontro com o que a pesquisa norte americana, Mary Dalton observou ao concluir uma análise de 26 filmes sobre “o(a) bom(a) professor(a) dos filmes de Hollywood”. De acordo com Dalton, o/a professor/a retratado/a nos filmes de Hollywood  se envolve pessoalmente com seus alunos, quase sempre rompendo com as regras institucionais para ajudá-los a completarem a transição entre a escola e o mundo exterior. No entanto, conclui a autora, os professores aparecem como tipos heroificados e individualizados. Jamais atuam em grupo, não concebem a escola e o ensino como um trabalho coletivo.” (p.835)

“A construção social e histórica da profissão docente” 

(https://www.scielo.br/j/rbedu/a/nPMpCfpNpMQjnNxnzJMmkQP/?lang=pt&format=pdf)