Professores que marcam as nossas  trajetórias – Daniela Zacharias

Post escrito pela aluna Daniela Zacharias

Durante minha trajetória escolar, alguns professores marcaram minha experiência na escola. Quando reservo um momento para recordar, dois professores imediatamente me vêem à mente: meu professor de geografia e minha professora de matemática (de 5a a 8a séries – nos anos 1980). Quando busquei analisar o por quê da imediata recordação (com muito afeto) destes dois mestres, notei uma grande similaridade em suas modalidades de ensino e relacionamento com os alunos: ambos conversavam muito com a turma e iam muito além do conteúdo das matérias. Ainda hoje (mais de 30 anos depois de ter saído do colégio) mantenho contato próximo com meu querido professor de geografia. Mas acho que o episódio que mais marcou minha trajetória escolar foi a chegada da nova professora de matemática ao colégio – estávamos na 6a série (o que hoje seria o 7o ano) e na primeira prova aplicada por esta professora, todos os alunos foram muito mal (todos com notas abaixo da média – lembro que minha nota foi 6.3 – minha nota de matemática mais baixa até então).

 A reação inicial de todos foi de “revolta” com a professora “exigente”. A solução da professora para contornar nossa “rejeição” me surpreendeu: convidou todos os alunos para tomarem um lanche em sua casa onde conversamos sobre como poderíamos estudar de maneira diferente e como ela poderia nos ajudar. A abertura, o diálogo desta professora com nossa turma de maneira tão afetuosa (apesar de ter sido a professora mais enérgica e exigente que tive até hoje) criou um vínculo tão forte conosco que passou a ser nossa professora “favorita” e nossas notas foram cada vez melhores. Infelizmente nossa querida professora adoeceu e faleceu há alguns anos, mas sempre que nossa turma se reúne, nos lembramos com muito carinho e saudade dos dias que compartilhamos – em especial, daquela tarde, naquele apartamento ensolarado do bairro do Flamengo no Rio de Janeiro.

Comentário da extensionista Maria Guilhermina (IH-UFRJ)
O relato traz a  ideia de aprendizado horizontal, uma não perpetuação da autoridade. Fazendo uma quebra de ciclo, buscando junto com os alunos a solução dos problemas. Assim é interessante considerar as culturas dos professores não apenas como conjuntos de valores, representações e normas, mas também como modos de ação e padrões de interação consistentes e relativamente regulares que eles interiorizam, produzem e reproduzem durante as (e em resultado das) suas experiências de trabalho.