A ESCOLA NO SÉCULO XIX: O MÉTODO LANCASTERIANO

por Ana Beatriz Lamego Viana (graduanda em História – UFRJ)

Desenvolvido na Inglaterra, o Método Lancasteriano (ou método de ensino mútuo) foi pensado como uma alternativa pedagógica moderna para dinamizar e baratear o processo de aprendizagem. Foi concebido para substituir o método individual (cada aluno era atendido individualmente por turnos, enquanto o restante da turma realizava os exercícios propostos). Para Lancaster, o método iria remediar o número insuficiente de educadores para a quantidade de professores, assim os alunos seriam agrupados em diferentes graus de conhecimento, e os alunos mais avançados seriam monitores. O barateamento seria também uma forma de garantir o acesso à educação às camadas mais pobres da população.

Além disso, o método contava com um sistema de punições e recompensas, as recompensas serviriam para que os alunos almejassem o bom comportamento e deveriam servir de contraste à sua contrapartida, as punições. Esse sistema visava a manutenção do controle em sala de aula, a ideia era que não apenas o temor às punições controlassem os alunos, mas os próprios alunos controlassem uns aos outros através dos monitores e da possibilidade de ganhar condecorações e outras formas de recompensa. Lancaster pregava o uso de “castigos morais” ao invés de castigos físicos, nesse sentido, os locais nas carteiras deveriam refletir o desempenho dos alunos, os melhores alunos deveriam ganhar medalhas de prata ou adornos para distingui-los dos demais. As punições deveriam ser humilhações públicas que não passassem pelo uso da violência, a ideia da vexação pública (em contraste com as, também públicas, condecorações) era que servisse de exemplo aos demais.

No Brasil, o método passa a ser aplicado na primeira metade do século XIX: com a independência em 1822 e a promessa imperial de uma educação primária gratuita, o método Lancasteriano seria uma alternativa válida para remediar a ausência de educadores e o grande número de alunos. 

BIBLIOGRAFIA

ABREU, Ricarno Nascimento. O método lancasteriano no Brasil: Contribuições para a história de uma política linguística oitocentista. Interdisciplinar, São Cristóvão, v. 30, p. 191-207, jul.-dez. 2018.

CARDOSO, Tatyana Marques de Macêdo. Nas tramas dos livros de ocorrência: os castigos aos discentes no Imperial Colégio de Pedro II/Ginásio Nacional (1858-1898). Tese (Doutorado em História, Política e Bens Culturais) – Fundação Getulio Vargas, Escola de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais, Rio de Janeiro, 2018.

OLIVATO, Laís. “Castigos Lancasterianos” na Província de Minas Gerais (1829). Cadernos de História da Educação, v.16, n.3, p.846-858, set.-dez. 2017.