Castigos escolares do século XIX – Um espelho da sociedade oitocentista
Por Gabriel Mariano Alvarez (Graduando em História pela UFRJ)
Castigos escolares do século XIX estão intrinsecamente ligados tanto ao ato de punir o aluno, com objetivo de educar, como a reafirmação hierárquica de poder dos professores, inspetores e diretores escolares. Ademais vale salientar que em uma sociedade pautada e criada a base da força e rispidez em todos os âmbitos, vide por exemplo escravização como modelo econômico que predomina no corte temporal, os castigos/punições escolares eram nada mais do que um espelho que refletia nas crianças o modo de as punir caso fossem contra as regras/tirassem notas baixas/enfrentassem algum superior.
O ambiente escolar no século XIX, voltado para um estudo de classes mais abastadas, era além de tudo punitivista e vexatório que visava o controle das atitudes consideradas “impróprias” em um ambiente educacional e elitista. A forma de controle passava do castigo físico para o psicológico, exemplos disso vão desde a famosa palmatória, objeto de madeira que era usado para bater na mão dos alunos, as orelhas de burro, para vergonha do aluno que causava danos morais, e a cafua, sala minúscula usada para o isolamento do aluno que estava em castigo.
Por fim, o modo como as punições escolares mudaram ao longo do tempo remete também a sociedade em questão, se ao longo do século XIX o modelo de repressão era de um tipo mais agressivo, tanto físico como psicológico, é porque ele se baseava em como a comunidade brasileira estava instaurada naquele momento.
BIBLIOGRAFIA: CARDOSO, Tatyana Marques de Macêdo. Nas tramas dos livros de ocorrência: os castigos aos discentes no Imperial Colégio de Pedro II/Ginásio Nacional (1858-1898). 2023. Tese de Doutorado.