Professores contam a sua história

CEJA

Nátaly Barbosa de Alcântara (aluna da FE-UFRJ) entrevista o Professor de História Eric Guimarães

Tempo de atuação: 11 anos

Escolas: CIEP 376 Cláudio Coutinho (Belford Roxo) / / Colégio Estadual Professor José Accioli (Marechal Hermes)

Formação: Professor de História pela Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Enquanto professor de História, o que você considera mais importante saber sobre a história de uma escola?

Só dou aula de História nas duas escolas. No Ciep varia de ano a ano, pois na escola temos do sexto ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio. No Accioli atuo no primeiro e segundo anos do médio, pois só tem História nesses anos por ser uma escola de formação de professores.”        

 O que você considera mais importante saber sobre a história de uma escola?  

 Acho que o ambiente, como os alunos se sentem naquele espaço, se ele é receptivo, se os professores são atenciosos. Porque conteúdo em si não deveria ser o foco principal e sim se são criadas condições pros alunos se perceberem atuantes não só ali como na sociedade.   

   Você escolheu atuar  na rede publica e não na rede privada. Em sua opinião o que diferencia uma da outra?    

  O respeito ao professor como parte importante da escola, sem o qual não há formação, o caráter humano da escola e não empresarial e até mesmo a hora-aula e o planejamento assegurados nos direitos do trabalhador estatutário, o que acarreta numa estabilidade e tranquilidade para realizar o trabalho.                                                               

Para você quais são as alegrias e tristezas de ser professor da rede pública do Rio?

Alegria é ver que um aluno sabe ler a sociedade de uma forma independente. Não é nem achar que fomos muito importantes para isso, mas perceber a trajetória que aquele aluno percorreu. As dúvidas que tinham, as questões que levantou é o que fundamentaram o seu conhecimento. E pra isso o nosso papel é estabelecer esse ambiente favorável para que eles se abram, se aventurem a conhecer mais e se aprofundar.

E nesse tempo todo de atuação, viveu alguma situação que considere marcante/histórico em alguma das escolas que atuou/atua? Poderia contar?

Teve um episódio que eu considero marcante pelo desfecho que consegui. Era 2010, ou seja, eu tinha menos de seis meses na escola e encontrei uma turma difícil de lidar. Elas, sim, porque era uma turma só de meninas, segundo ano do normal, eram muito unidas, para tudo. Hoje acho que elas se aproveitaram dessa minha pouco experiência para me testar. Então era conversa, grito, era complicado. Um dia um professor chegou a ir à sala para “saber o que estava acontecendo”, mas mais para me repreender, considero. Logo a diretora se envolveu e me questionou se eu teria “domínio” para dar aula. Ou seja, a leitura foi simples, eu teria que ser o carrasco que eu não aprendi a ser. Até tentei no início ter esse caráter de punição, passava mais trabalhos para essa turma do que pras outras e etc. Era óbvio que isso não daria certo e que eu não estava me sentindo bem com aquilo. Foi quando apareceu um trabalho de outra disciplina, que envolvia decorar a sala, fazer outras atividades que vi a oportunidade de me envolver com elas de outro modo. Nessa relação de ajuda mútua, que nem era o papel meu apoiá-las, que o clima mudou. Ainda eram muito unidas na bagunça, mas a intensidade mudou completamente. Havia uma interação, conversa, o clima mudou e todos sentimos. O projeto de carrasco foi enterrado completamente ali e nunca mais voltou.”