Por Jéssica Azevedo e Scarlet Rocha (Graduandas IH/UFRJ)

Quando pensamos em ocupações secundaristas é importante ressaltar a autogestão como um aspecto principal que orientou os estudantes que, então, dividiram-se em comissões responsáveis por elaborar atividades como: alimentação, limpeza, cine-debates, rodas de conversa, oficinas, aulão para vestibular, esportes, revitalização do ambiente escolar, entre outros. Sendo assim, além de evidenciar o papel transformador da juventude na sociedade em defesa de seus direitos, esses movimentos também marcaram a vivência dos estudantes com aprendizados para além do currículo formal, mostrando um novo modelo de educação e novas formas de organização.

Jéssica Azevedo participou da ocupação do Colégio Pedro II – São Cristóvão (CP2 SC) quando era do 1º ano do Ensino Médio em 2016, e conta um pouco como foi sua experiência:

“2016 foi um ano de desafios, mas também de aprendizados. A convivência com várias pessoas diferentes e a busca por uma organização horizontal nos fez aprender a dialogar e a respeitar mais. Além dos debates sobre a PEC, a MP e o PL, outras questões sociais e políticas foram discutidas ali e foram essenciais para a minha formação pessoal. Naquele espaço de construção coletiva, aprendi que, mesmo adolescente, era capaz de reivindicar uma educação pública e de qualidade, percebi que podíamos ser ativos politicamente. Apesar das constantes ameaças e tentativas de desocupação e de criminalização, os estudantes se mantiveram firmes às suas pautas e exigiram ser escutados. Afinal, aquela luta não era só pela gente, mas por todos os estudantes e pelas gerações seguintes. Ainda que tenham ocorrido erros e desentendimentos, as centenas de ocupações estudantis espalhadas pelo Brasil em 2015 e 2016 mostraram a força dos estudantes, sobretudo dos secundaristas, e o impacto que podem causar. Após 68 dias de ocupação no CP2 SC ela terminou, mas estamos vivos, seguimos na luta e lembramos que os direitos não são dados, e sim conquistados!”