Minha experiência em uma escola privada
Por Beatriz Sales (aluna da Faculdade de Educação – UFRJ)
No nono ano, comecei a estudar em uma escola privada, localizada no bairro da Tijuca – RJ. A experiência foi um choque muito grande para mim, pois deixei meus amigos e tive dificuldades para fazer novos no novo colégio. Minha base escolar não se equilibrava com a da minha turma (eles estavam muito mais avançados), minhas notas caíram absurdamente e eu tive meu primeiro contato com disciplinas como física e química.
Minha experiência inicial naquela escola não foi muito boa e lá eu percebi que o foco não era criar o ambiente familiar como nas minhas primeiras escolas. O foco do meu colégio era o ranking, o nome e as boas notas. Houveram momentos em que toda a turma ia mal nas provas e ainda tínhamos que ouvir discursos sobre o quanto aquilo era responsabilidade nossa, porque não estudamos.
O Curso a que estou me referindo era movido a rotinas. As atividades culturais se resumem a uma feira de ciências, um projeto de cinema, artes e teatro, disponíveis somente para algumas turmas. A educação física é no contra-turno, uma vez por semana, com cada aluno escolhendo uma única atividade. Tínhamos monitorias (opcionais) no contra-turno e, para o terceiro ano, as aulas de língua estrangeira também eram em horários diferentes.
Uma das memórias que compartilho com vocês dos tempos de escola é do cheiro. Não sei porque mas os cheiros me marcavam. De dentro da minha merendeira, que eu achava bem grande, sentia o cheiro do suco que levava, da garrafa que estava o suco. Em relação a material, meu, dos colegas e da escola, o cheiro de borracha, canetinha hidrocor, cola, pasta, giz, etc. Percebia cheiro característico de alguns colegas, mas qual o motivo dessas lembranças? Elas me marcaram, mas não sei porquê. Aulas de Artes costumavam ser ruins caso cometesse um acidente como já fiz ao derramar cola dentro do meu estojo. O efeito ficou até eu trocar meus materiais, pois mesmo com limpeza as substancias da cola. outra falha de minha desorganização era deixar os pedaços de lápis que apontava dentro do estojo. Fui muito desleixado diversas vezes. Outra lembrança que só podia ser de minha infância era eu não diferenciar adultos de adolescentes, pois ambos já eram crescidos. Só pensando agora lembro dessas coisas de criança, como comparar o tamanho dos objetos. Achava minha lancheira muito grande, a mochila também, a carteira também, isso por volta dos meus 5, 6 anos. Isto não era algo que eu pensaria para compartilhar, mas ainda lembro. Eram meus pensamentos, busca de compreensão, medos, hipóteses. Entendi que seria melhor ter falado da parte da infância justamente por apresentar aquele ser humano em construção, que caminhava num pátio enorme no recreio, com a percepção de grandeza que tinha na época, era comum, assim como outras crianças, achar um espaço na imensidão do pátio para sentar, abrir a lancheira e fazer meu lanche, como a maioria fazia, pois as opções de banco eram poucas, embora a grandeza do espaço. Pela minha característica de observador, me atentava a organização da escola, o ritmo e atividades de cada um, mas não teve, pelo que me lembro, nenhum evento marcante na minha trajetória nessa época.