Memórias escolares da Luciana Zanetti

por Luciana zanetti (aluna do curso de Pedagogia da Uni-Rio)

Lembro-me com bastante carinho das memórias de quando ingressei na escola, aos sete anos de idade, no ano de 1979, em uma escola particular, em Nilópolis, graças a uma bolsa de estudo integral, porque meus pais não tinham condições de pagar por uma escola. Éramos 10 irmãos e a família vivia com muitas dificuldades. Meu pai trabalhava em uma fábrica de Tecelagem no Rio Comprido. Nessa escola eu fui alfabetizada, aprendi a ler, escrever e a minha turma era muito bagunceira, mas eu ficava quieta em meu canto observando o falatório. Em uma ocasião, a minha primeira Professora de nome Telma, entrou na sala e vendo aquela bagunça toda e eu quieta, me presenteou com um dinheirinho para eu comprar balas. E disse a todos que eu tinha merecido por ser a mais comportada em sua ausência. Que felicidade aquela conquista e saborear as balas que foram compradas com o dinheirinho recebido.

A Escola era grande, tinha uma quadra grande onde eu adorava brincar na hora do recreio. Eu tinha medo da loira do banheiro, porque os banheiros também eram grandes e faziam eco quando não tinha ninguém. As salas eram grandes e de acordo com as séries iam subindo de andar. Tinha um corredor para chegar até às salas. Quando a minha série chegou ao terceiro andar, eu passava colada na parede para não ter que olhar pra baixo por medo de altura. Eu ficava impressionava em ver estudantes correrem no corredor sem o medo de cair lá embaixo.

foto da Luciana criança

Muitas das minhas colegas tinham situações financeiras melhores que a minha, algumas vezes eu brigava e ia parar na coordenação, mas apesar dessas diferenças, dessas desigualdades, eu consigo ter boas lembranças da escola por causa das professoras que tive e que me acolheram. Estudei a primeira série (1979), segunda série (1980) e terceira série (1981), eu e minha irmã mais velha. Quando a bolsa foi suspensa, tivemos que sair da escola.

Com a suspensão da bolsa de estudo eu fui para uma escola pública, o Colégio Estadual Professor Mário Campos. Isso foi no ano de 1982, eu tinha 10 anos e estava na quarta série primária. Eu não gostava muito dessa escola porque era muito longe da minha casa, e eu com meus 10 anos, caminhava uma distância longa, sozinha. Nessa escola fiquei em recuperação em matemática e chorei muito achando que ficaria reprovada, mas a professora me confortou dizendo que não me preocupasse que eu iria recuperar. E recuperei!

No ano seguinte, em 1983, com a notícia da inauguração de uma escola mais próxima da minha casa, fiquei muito animada com a possibilidade de sair daquela escola tão longe, mas a minha mãe no princípio não queria concordar, pois teria que ter gasto com novos uniformes e questões burocráticas. Mas de tanto eu insistir, e ela sabia o quanto gostava de estudar, ela fez o sacrifício de me matricular na nova escola, a Escola Estadual Ubiratan Reis Barbosa. Na época era uma escola que só ia até o 8º ano (atualmente nono ano). Os melhores anos de minha vida…