O Projeto dos Centros Integrados de Educação Pública – RJ (anos 1980-1990)

Por Jéssica Azevedo e Scarlet Rocha (Graduandas História/UFRJ)

No ano em que comeoramos o centenário do nascimento de Darcy Ribeiro, vamos rememorar o Programa Especial de Educação e as escolas de tempo integral que ele batizou de Centros integrados de Educação púbica (Cieps).

O Programa Especial de Educação (PEE) foi articulado no processo conhecido como distensão política inaugurado no governo Ernesto Geisel (1974-1979), durante o governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, contando com a assessoria do vice-governador Darcy Ribeiro, em um cenário de ascensão dos movimentos sociais e de ampliação da participação popular em oposição às estruturas impostas pela ditadura militar. Além do mais, também se questionava o ensino vigente a fim de reforçar a importância de uma educação mais ampla e a necessidade de uma adequação do currículo escolar à realidade cultural dos alunos das classes trabalhadoras. Nesse sentido, indo em contramão à ideia de desenvolvimento “a qualquer custo”, o projeto defendia uma proposta democrática de ensino ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.

A prática pedagógica proposta no PEE era a do construtivismo interacionista, na qual a relação entre professor(a) e aluno(a) é mais horizontal e o ensino não considera importante apenas a aquisição de conteúdo, mas sim os processos mentais e habilidades cognitivas envolvidos no processo. Ademais, o Programa visava a implementação de escolas de tempo integral (os Centros Integrados de Educação Pública, conhecidos como CIEPs) – que funcionavam das 8h às 17h – e o oferecimento de recursos para além do currículo formal, como as salas de leitura, as atividades culturais, os estudos dirigidos, a educação física e artística, os atendimentos médico e odontológico, as refeições e os banhos diários. O PEE objetivava abranger a formação integral dos educandos, promovendo o seu desenvolvimento intelectual, artístico, moral e cívico; compensar as carências sociais e nutricionais dos alunos; e retirá-los das ruas, trazendo-os para um local seguro (os CIEPs) e afastando-os da violência.

Seguindo esse último ponto, no próximo post iremos escrever sobre as ações de lazer oferecidas aos alunos.