Memórias de minha passagem pelas escolas públicas de Duque de Caxias – Baixada Fluminense / RJ.

 por Caroline da Silva Schiavon (graduanda do Curso de Pedagogia -UFRJ)

Entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, eu tive o prazer de estudar numa escola muito especial. Enquanto a gente é criança não percebe a importância da escola, pois são nossos pais que a escolhem. A escola em questão é a Escola Municipal Dr. Álvaro Alberto, conhecida por muitos na época pelo apelido de “mate com angú” fazendo referência à alimentação oferecida aos alunos.

Foi a primeira escola da América Latina a fornecer “merenda escolar”.  A Escola Proletária Meriti foi fundada pela professora Armanda Álvaro Alberto. Logo mudou de nome, pois os ditadores da era Vargas achavam que a palavra “proletário” tinha a ver com o comunismo. E assim a escola passa a ser chamada de Escola Regional Meriti. A professora Armanda trouxe ideias Montessorianas ao Brasil e ensinava através da prática, nãos usava as salas de aula e sim os espaços da escola onde ensinava a plantar entre outras técnicas agrícolas, já que Meriti era um distrito rural de Nova Iguaçu. A escola fica próxima à estação de trem de Duque de Caxias-RJ, que na época era chamada de estação Meriti. Dona Armanda foi presa por acusações de conceber ideias e estar ligada ao comunismo. Mesmo com sua prisão a professora continuou escrevendo e recebendo cadernos de seus alunos em sua cela. Com a sua morte nos anos 70 a escola é doada. Hoje ela é administrada em parceria com a prefeitura de Duque de Caxias, e seu nome foi a pedido dela em homenagem ao seu pai.

Estudar numa escola tão rica de história é uma honra. Tenho muitas lembranças boas de lá. Ainda lembro de sentir o cheiro de terra molhada que vinha de uma parte anexa da escola, que na minha época (1988-1992). Também havia uma árvore enorme no pátio que soltava uma espécie de algodão e a gente vivia correndo atrás deles. Não me recordo o nome da árvore. Outro cheiro que também me lembro de sentir era o da merenda sendo preparada, era tudo feito com tanto carinho. Eu amava aquela escola.

No pátio da escola havia uma biblioteca pública, um espaço onde aconteciam os clubes de mães e minha mãe fazia aulas de corte e costura. Isso aproximava mais os responsáveis dos alunos e a escola. Também havia uma carpintaria que na época em que eu estudava lá era uma oficina para ensinar carpintaria à alunos com deficiência intelectual que estudavam nas classes especiais da escola. Lembro também de um clube escolar onde minha mãe sempre ficava nas filas no início do ano para conseguir doação dos nossos uniformes e livros.

Todos os meus irmãos estudaram lá, então apesar de ter saído da escola quando terminei a quarta série, atual quinto ano, continuei indo buscá-los ou participando das festinhas da escola junto com eles. No fim de 1992 encerrou meu ano letivo nesta escola e em 1993 começava uma nova aventura em outra escola municipal da região.