A ENCD se afirma em Madureira

Por Larissa Santana e Livia de Fátima (Graduandas Pedagogia/UFRJ)

A  Escola Normal Carmela Dutra  foi fundada em 1946 – sob a força de um decreto (Decreto 8.546 de 22 de junho de 1946) – com uma filiação do Instituto de Educação, o que gerou diversas polêmicas, desde sua localidade até a cor dos uniformes das normalistas. Seus primeiros anos foram difíceis, com diversos problemas como o próprio concurso de admissão – que foi deliberadamente boicotado -, o espaço físico, alimentação, entre outros. Com o imaginário da normalista em alta – uma moça jovem, de boa família, conservadora, modelo moral para uma  nova nação, preparada para a industrialização – as alunas tijucanas tinham medo de que as normalistas do subúrbio ou as carmelitas – considerado termo pejorativo à época – manchariam sua imagem. Dentro desse contexto, somado ao higienismo, não eram admitidas alunas: 

“[…] portadores de afecções não cicatrizadas ou progressivas, […] sofrerem de doenças repugnantes,[…] apresentarem cavidades dentárias (cáries, raízes(…)), […] anomalias nos dentes,[…]”

Além dessas exigências, o alto nível da prova (inadequado para os objetivos do concurso)  fez com que nenhum aluno fosse classificado, ocorrendo assim um novo concurso, e mostrou-se uma primeira turma desconexa das características da população da localidade. Uma parte expressiva do alunado era formada por jovens com pais da categoria de servidores públicos, ou com algum grau de instrução. Não eram de classes abastadas como as da Tijuca, mas não era a face rural das freguesias, dos excluídos do interior.

Com os anos, a ENCD se tornou referência por sua excelência na educação normal, atraindo cada vez mais alunos. Após sua criação, outras escolas normais foram surgindo, agora sem os empecilhos que as carmelitas enfrentaram. Em 1953, a ENCD conseguiu sua desvinculação e autonomia administrativa e pedagógica do Instituto de Educação da Tijuca e anos depois, em 2004, se elevou ao status de Instituto de Educação Carmela Dutra – IECD.