Entre descontinuidades e permanências de projetos pedagógicos

Por Jéssica Azevedo e Scarlet Rocha (Graduandas IH/UFRJ)

Após a construção dos CIEPs, os governos seguintes ao de Leonel Brizola não viabilizaram a manutenção do projeto e não valorizaram aquele espaço escolar. Muitas unidades não conseguiram seguir com o ensino integral, devido à descontinuidade do repasse de verba para alimentação e à redução da quantidade de professores. Tornando-se escolas comuns, divididas por turnos, e inviabilizando impossibilitando as quatro refeições diárias, o atendimento médico odontológico e os banhos diários.

Como dizia o antropólogo Darcy Ribeiro, “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Infelizmente, essa frase continua muito atual no cenário do país, onde o crescente sucateamento e o desmonte da educação pública permanece sendo um obstáculo a ser superado na luta por um ensino público de qualidade. Sendo assim, os CIEPs estão englobados nesse quadro escancarado de abandono, sofrendo um descaso não apenas em seu espaço físico, mas também em suas memórias.

No que diz respeito aos CIEPs, muitos dos seus alunos não conhecem os caminhos e intenções que levaram à elaboração desse projeto. Por esse motivo, percebe-se a relevância não somente da luta pela revitalização dos espaços físicos e da qualidade do ensino público, mas também da valorização da história dessas escolas que buscavam a formação integral para além da sala de aula.