Uniforme das normalistas: tradição x sexualização

Por Giselle Soares Gomes – (Graduanda do curso de pedagogia – FE/ UFRJ)

Fonte da imagem: Jornal – O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/conservadorismo-bancada-evangelica-freiam-igualdade-de-generos-diz-governo-15539562 

O tema acerca do uniforme das normalistas é algo que levanta pautas relevantes como a tradição vs a sexualização, que inclusive é o tema do nosso post do dia. Como um ponta pé desse assunto, gostaria de passear com vocês pela criação do uniforme das escolas normais no Rio de Janeiro. 

No início do século XX, as normalistas da Escola Normal do Distrito Federal (ENDF), foram fonte de inspiração para a criação dos uniformes normalistas das cariocas. Tudo começou, com uma ordem do diretor da escola, que queria que as educandas tivessem algo que as diferenciassem do restante dos alunos daquela cidade e que trouxesse a ideia de respeito, de proteção a essas alunas enquanto estivessem nas ruas, visto que próximo daquela escola havia muitas prostitutas. Então o uniforme, era uma forma de olhar e classificar alguém como normalista.

 No começo, houve grande resistência pois o uniforme foi visto com um olhar de elitização dentro do curso de formação de professores,  pois até então seria algo acessível apenas para a comunidade mais abastada. Em 1914, o projeto de lei de número 71 foi então defendido. Tal projeto visava definir o uniforme das escolas normais brasileiras. Ficou então estabelecido que a estrela, seria uma forma de orgulhar quem a usava, pois continha o prestígio da série cursada (utilizada até hoje).

 Em 1915, o uniforme de normalista torna-se obrigatório para ambos os sexos através do decreto de número 1679.  Cabe dizer, que desde 1912 as escolas normais de São Paulo já tinham uniformes que consistiam em blusa branca com barra da gola e punhos pretos e saia de cor azul marinho.

Ainda em 1915, fica definido o uniforme da ENDF que consistia em blusa branca, saia azul marinho, gravata, sapato cor preta, meias cor de carne  e chapéu de feltro azul.

Nos anos 40, o uniforme oficial das normalistas no Rio de Janeiro se tornou uma mistura dos uniformes anteriores, sendo composto por blusa branca de meia manga, blusa de manga longa, abotoaduras, sapatilha preta, meias brancas, cinto, meias e saia de cor azul marinho. Para os meninos, calça azul marinho, sapato preto e blusa branca, broches com estrelas indicando a série cursada e broches com o símbolo do instituto. Durante anos, principalmente na segunda metade do século XX, o uniforme foi símbolo de prestígio e tradição.

 Bom, os uniformes tem muita história né? Mas não acaba por aí… Vamos pensar nele nos dias atuais? Com o passar dos anos, o comprimento da saia foi mudando, surgiu o uniforme de educação física e o uniforme de inverno.

Trazendo a questão dos uniformes para os dias atuais, grande parte das escolas cariocas normais utilizam o uniforme “clássico ” de normalistas, que é composto por saia, blusa de tergal branca com o símbolo da escola, sapatilha preta e blusa branca. E para os meninos, calça, sapato preto e blusa branca. Também se tem o uniforme de educação física que é composto por short, blusa e maiô para as meninas e para os meninos short e blusa. No próximo post, iremos aprofundar a ideia de sexualização em torno dos uniformes das escolas normais. 

E para finalizar como sempre com os nossos desafios, deixo uma pergunta: como eram os uniformes na época que vocês foram normalistas? Como vocês se sentiam ao usa-los?

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