Inauguração da Casa do Pequeno Jornaleiro
Por Livia de Fátima Conceição (mestranda em educação PPGE/UFRJ)
*Nação Brasileira, 1940, Edição 206
A Fundação Darcy Vargas foi inaugurada em 1938 como forma de amparar a infância e juventude pobre e desvalida do Rio de Janeiro. A década de 30 foi um período conturbado na história nacional e mundial, tanto política quanto social e educacional. Guerras eram travadas, concepções eram formadas, leis eram criadas e um novo mundo era modelado.
No campo da infância e da assistência cada vez mais era pensado como as crianças e jovens deveriam ter suas particularidades respeitadas, leis próprias, trabalhos adequados e educação, tanto moral quanto para o trabalho.
Diante disso, as damas da sociedade se empenharam em trabalhos assistenciais para resolver o “problema do menor”, como eram chamadas as questões relacionadas à infância abandonada, como a fome, miséria, doenças, abandono familiar, trabalhos perigosos, entre outras questões.
O primeiro trabalho da Fundação foi a Casa do Pequeno Jornaleiro, inaugurada em 1940 no bairro da Saúde. A construção da casa e sua fundação foram amplamente cobertas pela imprensa da época. Vale lembrar que a sociedade passava por um período ditatorial, o Estado Novo, com controle e regulamentação da imprensa por Vargas. Muito se especula sobre a relação da criação da Casa e da imprensa nacional. Caso queira saber mais sobre isso, irei indicar alguns conteúdos no fim da série (é só buscar no nosso Indicaê!)
Dentre os objetivos da casa estava formar moral e profissionalmente esse menor vendedor de jornal. Ela funcionava em regime de internato, com dormitório, cozinha e tudo que fosse necessário para a vivência da criança ou jovem. Porém também recebia em regime de meio turno, de forma que participavam da venda de jornais em um turno e das aulas em outro, depois retornavam para suas residências.
Além disso, as aulas incluíam Ensino Primário e Complementar, Ensino Profissional, Formação Moral e Cívica, Educação Física, Instrução-Pré-militar, Formação Lítero-artística e Formação Religiosa.
A Casa se colocou numa nova perspectiva dentre as outras instituições assistenciais do mesmo período como as Casas de Correção e os Asilos. As últimas tinham um viés judicializado, ou seja, de corrigir os menores desviados, poucas vezes conseguindo recuperá-los para retornar úteis à sociedade. Já a Casa, não seria somente um amparo físico, mas que abarcasse toda a construção desses meninos como cidadãos, formando-os em diversos aspectos, preparando-os para viver na nova sociedade.
*foto da fachada*
Até hoje a Casa existe no mesmo local, contudo muitas coisas se modificaram nesses 82 anos. Ainda na década passada, a fundação deixou de ser em regime de internato, passando a atender a população pobre em geral no contraturno escolar. No ano de 2015 a Casa fechou para reformular sua atuação. Foi realizada uma pesquisa para compreender as necessidades da população do entorno para poder saná-las. Foi verificado que a localidade ainda era muito afetada pela pobreza e os índices de escolarização estavam baixos. Dessa forma, a partir desse diagnóstico, foi definido o novo ato: a Escola Fundação Darcy Vargas. Atualmente atende crianças e jovens do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio Empreendedor.
